A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE LIBRAS NAS ESCOLAS E NAS IGREJAS
- 03/11/2025
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              A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida oficialmente como meio legal de comunicação e expressão desde 2002, através da Lei nº 10.436/2002. No entanto, apesar de existir esse reconhecimento, ainda é notável como grande parte da população brasileira não tem conhecimento básico dessa língua. Isso se torna evidente quando nos deparamos com uma pessoa surda que se comunica em Libras e não sabemos dialogar com ela. O silêncio provocado pela falta de entendimento é, muitas vezes, constrangedor — não para quem é surdo, mas para quem nunca se permitiu aprender uma forma de comunicação que também é brasileira.
Por isso, defendo que o ensino de Libras deveria ser obrigatório em todas as escolas do Brasil, sejam públicas ou particulares, desde a Educação Infantil. A inclusão verdadeira começa quando o direito à comunicação é garantido. Não basta apenas dizer que “todos são bem-vindos” se não oferecemos meios para isso. Uma sociedade só é realmente inclusiva quando reconhece que cada indivíduo tem um modo único de se expressar, e por isso, deve haver políticas educacionais que assegurem o ensino de Libras em sala de aula, não apenas como disciplina optativa, mas como parte do currículo escolar.
Segundo o Censo 2022 do IBGE, 2,6 milhões de pessoas no Brasil possuem deficiência auditiva. Isso significa milhões de cidadãos que, diariamente, enfrentam barreiras para acessar informações, serviços e instituições. Incluir Libras na educação não beneficiaria apenas as pessoas surdas, mas toda a sociedade. Aprender Libras significa desenvolver empatia, respeito, inclusão e sensibilidade ao próximo. Uma criança que cresce tendo contato com Libras aprende que as diferenças não afastam — elas conectam.
Além disso, o papel da escola não é apenas transmitir conteúdo, mas formar cidadãos conscientes e humanos. Se o objetivo da educação é promover uma convivência social justa, então é essencial ensinar linguagens que permitem a comunicação entre todos. Assim como aprendemos português, matemática e história, é justo e necessário aprender Libras como parte da construção de uma sociedade que enxerga a diversidade como valor, e não como obstáculo.
Também é importante falar sobre o papel das igrejas nesse cenário. Muitas comunidades religiosas já contam com a presença de intérpretes de Libras, mas isso ainda é pouco diante da necessidade real. Para muitas pessoas surdas, a igreja é espaço de convivência, espiritualidade e acolhimento. Quando não há acessibilidade na comunicação, essa pessoa pode se sentir isolada dentro do próprio lugar que deveria acolhê-la. A presença de intérpretes não é apenas uma questão técnica, mas espiritual: é um gesto de amor, cuidado e respeito. Jesus acolhia a todos — então, a Igreja também deve acolher todos através da linguagem.
Promover cursos de Libras nas igrejas, incentivar voluntários e preparar intérpretes é abrir portas para que o Evangelho, a mensagem de amor e comunhão, alcance quem muitas vezes é invisibilizado. Inclusão é missão, é serviço ao outro, é viver a fé com responsabilidade.
Portanto, seja na escola, seja na igreja, seja na comunidade, Libras não é apenas uma língua. Libras é ponte, é encontro, é amor ao próximo na prática. Defender seu ensino obrigatório não é apenas defender uma política pública, é defender uma sociedade mais justa, mais humana e mais parecida com o país que queremos ver.
Por: Alexsandra Hoegen Souza
Rádio Alexia K.
                    
                    
						
						
						
						
						


